segunda-feira, 23 de abril de 2018

Meu luto

É como se eu estivesse de luto
Como se todas essas partes mortas em mim
Estivessem aos poucos me mostrando
O quanto me faço incompleto
Todos os arrependimentos
Todos os amores que não vivi
Todas as vezes que meu coração se partiu
É como se toda a decepção em ser
Estivesse de luto por alguém que não sou

É como se estivesse com peças faltando
E toda essa dor que não cessa
É o luto por não ter morrido o que deveria acabar
E dói diariamente
E eu continuo negligenciando essas feridas abertas
Você consegue reconhecer quem me tornei?
É este espelho disfórico que me mostra nu
Envolto em uma casca trincada
De dores não enfrentadas

É como se ela e eu não pudéssemos cohabitar
Embora continuemos no fitando a todo momento
A cada reflexo cruel, de um mentira descoberta
E ela me olha nos olhos
E eu fecho os olhos para não ter de encará-la
Mas ela está dentro de mim
E este espelho que mostra a verdade
Insite em me dizer que vivo de mentira

Talvez meu luto seja pela morte da vontade de lutar
Talvez meu luto seja pela nascimento da covardia que paira
Ar pesado, difícil de respirar
Fardo pesado demais para se carregar
O luto é tudo que me resta
Luto pelas coisas que morrem em mim todo dia
Luto pela morte do lutar.

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