quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Retrospecto

Hoje eu lembrei de tanta coisa
Senti saudades do tempo que passou
Senti medo do que está por vir
Senti saudades daquele beijo que não dei
Ouvi aquela canção que eu detestava
Lembrei das coisas que eu quero esquecer
Pensei no que não devia pensar...

Mais uma vez jurei a mim mesmo fazer tudo diferente
Reconheço que nós continuamos nos abrigando em nossas mentiras
Que continuamos a dizer coisas que sabemos não ser verdade
Cultivando nossos medos de rejeição
Tentando direcionar os nossos sentimentos
Como se pudéssemos escolher algo
Sentimentos são tão relativos, tão complexos

E nós continuamos aqui, nos fazendo de fortes
Nos machucando em dizer que não queremos machucar
Eu e você sempre conhecemos muito bem o que sentimos
Então por que você não pára de ser idiota e me beija de uma vez?
É incrível, quanto menos tempo temos mais o desperdiçamos
Ou talvez seja o contrário
Ou quem sabe só eu que o desperdice 
Tudo é tão relativo...

Talvez hoje você seja quem eu amo
E talvez amanhã você seja mais um que passou
Que não deixou vestígios
Nem lembranças
Nem sentimentos
Nem nada...
Só mais um que passou,
Superficial o bastante para ser popular
Profundo o suficiente pra ser esquecido

Talvez amanhã eu me arrependa de não ter dito
Ou quem sabe se eu disser amanhã também me arrependa
Quem sabe me arrepender seja uma escolha
Mas eu sempre vou preferir me arriscar
Você sabe que eu nunca fui de mandar recados
E embora eu nunca tenha concordado
Você é quem mais me conhece...
É como se você lesse meus pensamentos
Porém isso não tem importância...
Você sempre diz que eu estou fazendo drama...

Quem sabe um dia eu possa rir disso tudo
Ou talvez um dia eu chore por não ter feito o bastante
Acho que todo mundo queria voltar e fazer diferente
Acho que nós dois podíamos voltar e fazer diferente...

domingo, 26 de dezembro de 2010

A melhor parte da noite

A melhor parte da noite foi te ver
Foi poder te abraçar por alguns segundos
Embora eu saiba que não posso te ter
É como se existíssemos só eu e você no mundo

Eu não admito que você se afaste de mim
Só te peço que não destrua esse sonho lindo
Prometa estar ao meu lado até o fim
Eu vou morrer com a lembrança de você sorrindo

Quero só te olhar dormir até o amanhecer
E quando você acordar, quero só ficar te olhando
Sem palavras, ou histórias, sem clichês
Quero saber que tudo é real, não posso estar sonhando

A melhor parte da noite foi segurar a sua mão
E te acariciar enquanto dormias, com um ar sereno
Como o de uma criança que sonha estar voando
Sem medos ou receios, sem nada impedindo

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

sz

Eu só quero te dizer o que sinto
Sem ter medo de afastar de mim
Poder demonstrar meu amor infinito
E te provar que ele nunca terá um fim

Agora só quero que fiques deitado em meu ombro
Me deixe ficar te olhando dormir por mais uns segundos
Eu prometo afastar todo os teus monstros
E te dar tudo o que há de puro e belo nesse mundo

Eu só quero ficar parado e te olhando agora
Sem falar nada, palavras não descrevem
Nada traduz o que sentimos nessa hora
Não há meios de explicar como teus olhos me fazem bem

Só sentir que existimos apenas tu e eu
Sem dar importância a mais nada 
Apenas te olhar e dizer que és só meu
Antes que essa noite esteja acabada

Antes que a luz do sol incendeie o que não quero perder
Vamos ficar no escuro para que ninguém possa perceber
As lágrimas que saem dos meus olhos quando lembro de tudo
Abrace-me bem forte para que eu possa ver esse amor absoluto

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

José (Carlos Drummond de Andrade)

    José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio 
 e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Me calo então

Estou me vendo cair em sua graça
Me perdendo nos seu inocentes abraços
Como se eu fosse um masoquista me cortando
Caminhando sobre cacos de vidro
Sentindo eles Adentrando minha pele,
Se misturando ao meu sangue, pobre sangue
Minha dignidade foi levada de mim
Agora é como se eu fosse um ladrão
Um verme que procura por um hospedeiro
É assim que eu me sinto...Você percebe?
É como se eu não existisse longe de você
E como se nada existisse além de nós quando te sinto
Quando você me toca, e da forma que me beija
Tudo parece tão real, e tão distante
Superficial, irreal, me deixa confuso...
Sem forças para dizer que sim ou não...
Parece que estou cauterizando minhas feridas
As queimando sem anestesia
Só para sentir que estou vivo...
A dor é o sentimento mais humano
Acho que isso é o que mais me aproxima
E é com isso que terei de conviver...
Até o dia que tiver forças de te falar...
Te dizer que não quero sua amizade
Eu quero dizer que te amo,
Muito mais que como amigo
Muito mais que qualquer coisa...
Mas caras como você, não amam caras como eu...
Me calo então.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Não desta vez

Me sinto tão desligado do mundo
Distante de tudo e todos que conheço
Difícil de se erguer quando se está no fundo
Impossível ser feliz sofrendo mais que mereço

E eu sei que não ouvirei sua voz essa noite
Sei também que não verei seu sorriso novamente
Mas não posso dizer que não tenho sorte
Talvez eu cresça e tudo mude definitivamente

Eu não sei o que está faltando dentro de mim
Não sei nem se chorar daria a dor um fim
Mas sei que posso seguir aguentando firme
Aprender a viver com o fantasma que me deprime

Posso muito bem fingir que estou bem de verdade
Posso engolir o choro e estampar um sorriso falso
Eu sei que não posso te acusar com crueldade
Também não posso esconder que existe um laço
Que faz com que não te apague da minha mente
Sei acima de tudo que não posso chorar na sua frente

Você me deu o que havia de pior dentro de você
Eu lhe retribui com tudo de bom que havia em mim
Perdi preciosos anos aprendendo a sobreviver
Você só me disse que tudo tinha de ser assim

Então olhe dentro dos meus olhos
Tente dessa vez agir com sinceridade
Devolva todos os meus sonhos
Eu não te devolverei toda a maldade

Engolindo seco toda essa superficialidade
Sentindo o vento que faz minhas feridas sangrarem
O vento que me traz lembranças da sua falsidade
Mas dessa vez não vou deixar elas me magoarem

Não, eu não as deixarei me derrubar
Não, eu não vou cair na cama e chorar
Como uma pobre criança indefesa
Como alguém que não sabe lidar com a tristeza
Não, esse não serei eu mais um vez...
Não mesmo, não farei isso, não desta vez

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Primeiro amor

Eu o conheci quando tinha dezesseis anos
Era como se tudo começasse a fazer sentido
Como a minha vida em tom de sépia 
Finalmente passasse a ter cor...

Com o passar dos dias, o encanto ia crescendo
E as palavras dele se tornaram as minhas verdades
Seus olhos a luz que me conduzia
Tudo nele me parecia agradável

Como uma presa que cai nas garras do caçador
Mas com uma diferença, eu queria morrer por ele
Acima de tudo eu sabia que ele era meu motivo de estar ali
Sabia que tinha começado a viver através dele

O tempo foi implacável e a cada dia eu estava mais preso
Sentia como se não pudesse viver sem ele...
Mas o meu conto de fadas teve seu fim
E com certeza não foi o melhor deles

Hoje as mentiras dele me consomem a cada segundo
E assim como vivi por ele, hoje eu morro
Sim, morro a cada segundo por ele
É como se não existisse vida,nada além do meu amor

Esse sofrimento nunca cessa
As feridas continuam sangrando, mais e mais...
Eu não posso me perdoar pelo que fiz
Por ter decidido pela embalagem

É como se tivessem arrancado meu coração
E me deixado aqui, simplesmente sangrando
Rodeado de apostas sujas
Quem me veria morrer primeiro?

Eu não posso continuar...
Parece que estão me cremando vivo
Sem se importar o quanto isso possa doer
Mas eu sei que mereço, eu fiz por merecer

domingo, 5 de dezembro de 2010

a dor que trago aki dentro

O barulho da chuva em minha janela
Se assemelha aos meus suspiros de dor
É como se o inverno nunca fosse acabar
É como se essas feridas nunca fossem cicatrizar
Sinto-me sufocando dentro de mim mesmo
Busco por fôlego mas não tenho forças
Ter te visto ontem me fez ver o que realmente sinto
E isso é o que mais me tem machucado
Eu não queria ter que te chamar apenas de amigo
Eu só queria poder te dizer que nunca quero que saias do meu lado
Se eu não puder acordar, me deixe dormir em paz
Permita-me sumir do mundo todo por uns tempos
Mesmo que seja pra voltar e ver que nada mudou
É tão difícil encarar o fato do seu sorriso me machucar tanto
Por simplesmente saber que não sou a razão dele
Me deixe sozinho com todo meu egoísmo
Deixe-me apenas jogado entre as cinzas que restaram
Daquilo que um dia já me fez sorrir
Porém hoje só me causa dor...

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Aqui estou...

Eu nunca pensei que sentiria sua falta
Sinceramente tentei dizer a mim mesmo que não fazia diferença
E hoje eu sei o quanto está me machucando estar aqui sem você
Agora eu vejo o quanto me machuca cada lágrima que sai
E eu posso dizer com toda certeza: não precisava ser assim
Esta é mais uma noite sem estrelas
Mesmo não as vendo eu sei que elas existem
Mesmo sem te ver eu sei que te amo muito
Caído, me sinto preso a esse desespero incessante
Mas eu sei que não tem como você me machucar novamente
Não cabe mais dor dentro de mim
O vazio só aumenta, é como se cada fragmento sentisse sua ausência
Minha pele, meu sangue, todo meu ser está perdido
Porém, eu nunca fiquei de luto por tê-lo deixado ir
Jamais disse que precisava que estivesses aqui ao meu lado
Só restaram as cinzas do fogo que me aquecia até então
As cinzas que eu pedi para que o vento levasse com ele
Só o que me resta agora, são lembranças
As mesmas que me machucam
Me sufocam, me fazem querer fugir
Correr até não aguentar mais
Simplesmente se desvanecer em ti
Se perder em tudo que você me diz
Afogar com o brilho dos teus olhos
Dormir em seus braços e acordar no inferno
Longe de ti, sem teu cheiro, teu calor
Sem sua manias que me irritavam tanto
Não mais, eu não permitirei mais que me machuques
Aos poucos me reconstruo, e tento resgatar minha alma
Se passaram dois anos e meu coração ainda dói
Não consigo preencher esse vazio que tem suas medidas
Mas estou aqui, pronto para lutar mais uma vez
Lutar contra mim mesmo, contra esse verme que me suga
Aqui ainda estou, cansado, destruído...Porém mais vivo que nunca
Aqui estou

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O garoto

Ele era apenas um jovem buscando o amor
Com ingenuidade em seus olhos de menino
Quando lhe arrancaram tudo e lhe deram rancor
E não lhe restou nada, além de um sorriso tímido

Ele só tinha 16 anos quando teve que aprender
Que não devia confiar em ninguém a sua volta
Essa foi a única forma que encontrou de viver
Engolindo a mágoa de viver no mundo lá fora

Sim, ele se sentia sozinho dia após dia
E chorava escondido em noites frias
Aprendeu a ter que fingir ser diferente
E a nunca demonstrar o que sente


Eu não diria que não deveria ser assim
Mas o processo de maturação lhe custou muito
Foram arrancados seu sentimentos, e enfim...
Agora só resta a casca , ele está só no mundo

Eu posso te dizer que esse garoto sou eu
E o quanto me dói ver todo o tempo que perdi
Aprendendo como sobreviver por aqui
Engolindo o choro, e o medo de perder a ti